quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Ondas de demissões e o futuro da imprensa pernambucana

Fala tchurma do bem. Queria escrever algo legal, engraçado, séquice, escrotinho e baphônico aqui, mas o momento é de tristeza.

Foram demitidos muitos colegas nossos das redações da Folha de Pernambuco, TV Nova, Rede Brasil de Comunicação, G1 Caruaru e Globo Esporte Caruaru.


Demissão de jornalista já é triste. E quando se trata de uma grande quantidade de profissionais - alguns com bons anos dedicados às empresas - é de fazer chorar. De verdade sem demagogia.

O que vimos essa semana não foi a primeira nem será a última onda de demissões "quase coletivas" nas empresas de comunicação. Ano passado, o Diário de Pernambuco passou um grande enxugamento do quadro e o Jornal do Commercio de vez em quando promove uns passaralhos. Ninguém está imune. Nem a toda poderosa Globo, que, se não demite, não reajusta salários e tira o sangue dos seus funcionários que muitas vezes fora do expediente precisam resolver as broncas que sobram do dia a dia.

E a regra é uma só: tá reclamando do salário ou da carga horária? Pede pra sair que tem mais de 20 estagiários na fila esperando por tua vaga e ganhando 20% do teu salário.

Na Folha de Pernambuco foram 15 demitidos. Não vou colocar o nome da galera porque provavelmente toda a imprensa do Recife já está sabendo e não acho legal expor quem não gostaria de ser exposto num momento chato desse.

Triste também pela TV Nova, que demitiu TODO MUNDO e vai virar uma TV educativa. Rola um boato forte de que Janguiê Diniz (o todo poderoso Imperador das Graças - Derby - Capunga) fez uma proposta para comprar a emissora de Pedro Paulo. Não andou, mas ele ainda está com os olhos brilhando e não duvido que em breve venha alguma novidade por aí (como, por exemplo, o LeiaJá de propriedade do grupo Janguiê que firmou uma "parceria" com seu principal concorrente, o NE10. Se isso não é o primeiro passo de Janjan tentando comprar o Sistema Jornal do Commercio, só o tempo dirá).

Também houve demissões na Rede Brasil de Comunicação (Canal 14 no Recife) e nos portais G1 e Globo Esporte de Caruaru - é, amigos, olha a Globo demitindo aí - que mesmo sem o glamour dos veículos de maior audiência, tinham em seus quadros pessoas talentosas e do bem.

Conversei com um colega da Folha e soube que por lá o clima já era meio que de despedida. Ocorreu uma reunião com todos os editores no início da semana e, como repórter tem faro para as coisas, a galera começou a notar que algo não ia bem. Aí na terça-feira veio o tiro: as pessoas eram chamadas para conversar e voltavam tristonhas com a demissão na mão.

E não só profissional que sofre. Os estagiários, coitados, que não têm o sindicato para ajudar e lutar por eles, chegaram a ficar dois meses sem bolsa. DOIS FUCKING MESES sem receber. Aí é pra se lascar. Não é à toa que ninguém mais quer ir para lá.

Desta vez o Sistema JC não demitiu jornalistas, mas reduziu o quadro do administrativo e do call center.

"Mas afinal, querido Estagy, o que está provocando essa onda de demissões? É a crise, meu gostosinho e lindo?", perguntaria você, meu leitor. Eu respondo: sim, mas tem algo mais por aí.

Estamos lendo menos jornal físico. Fato. Não me venham com chorumelas. É a verdade. Estamos nos alimentando de internet, consumindo informação online em outras plataformas. Por isso, estamos vendo menos TV ou procurando outros meios de assistí-la (vide aplicativos como TeleCine Play, Netflix, GloboPlay e outros) que, muito ou pouco, interferem na audiência e obrigam as empresas a buscar outros formatos, outras estratégias para atrair o público.

A crise econômica que estourou no Brasil em meados de 2014 e perdura até hoje tem, de fato, sua contribuição. Com a economia em frangalhos, a população consome menos, a indústria/serviços vendem menos e por isso ganham menos, precisam demitir mais gente que não vão consumir produtos e serviços por um tempo e diminuir ainda mais a produção, que vai precisar demitir... é um ciclo vicioso.


Exemplo de um círculo vicioso

Essa retração do mercado afeta diretamente os anunciantes que são - vejam só - as principais fontes de renda das empresas de comunicação. E sem grana não dá para rodar jornal, né baby?

"E quando isso vai ter fim, minha delícia?", questionaria você, curioso internauta. Respondo: se eu soubesse, estaria no lugar do Temer ou no Ministério da Fazenda. kkkkkkkkkkkk

O que posso dizer é que as empresas de comunicação de Recife (e de Pernambuco todo, vamos ampliar logo, né?) precisam olhar para frente. Acho que se demitiram tanta gente assim é porque estavam com a corda no pescoço e não tinham outra alternativa. Mas acho nossos empresários um tanto acomodados, sabe? Ou passam a ver comunicação de uma forma mais moderna e vendável ou teremos outras levas de demitidos.

Aos que saíram temporariamente do mercado, minha solidariedade e torcida para que encontrem logo uma outra colocação (no jornalismo ou fora dele, o mundo é enorme!). Para as empresas, se liguem! Não vale colocar jornalista em formação recebendo 500 conto para fazer trabalho de repórter com mais de 15 anos de casa. É sacanagem com o leitor/ouvinte/telespectador e exploração do trabalho infantil que continua pagando o mesmo preço para receber um produto de qualidade inferior.

Queria escrever um post engraçadinho, mas tô sem clima. Beijos e beijas.


Boa sorte, galera do bem!




3 comentários:

  1. Muito bom o texto! colocar a culpa na crise, é balela. o problema é maior infelizmente
    as empresas de comunicação, precisam se reinventar, criar alternativas.
    triste com o fim da TV nova, até o site tiraram do ar, era uma TV que ainda poderia crescer muito.

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  2. Qual a média de salário na redação de um jornal no Recife, Estagiário?

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  3. na verdade, não foi a globo que demitiu e sim a afiliada de caruaru que controla a top,globo fm e cbn que demitiu

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