domingo, 16 de outubro de 2011

PE Folia e Virada Multicultural: da Lei Seca à dor de barriga

O fim de semana foi agitado para quem curte balada. Se em Jaboatão rolava um revival do Recifolia com o recém-criado PE Folia lotado de axés, swingueiras e pagodes, no Recife a Virada Multicultural do Recife tentava resgatar os grandes eventos fora de época que o Marco Zero viveu anos atrás.

Os dois eventos refletem a mesma coisa: o pernambucano tem saudade da década de 90. Por mais que você fale mal daqueles anos, quem viveu a eferverscência do movimento mangue e viu o teatro renascer com a Trupe do Barulho vai agora olhar pra cima, abrir um sorriso e dizer: "poxa... é mesmo!" E logo depois vem uma pontinha de saudade.

Acho que, inconscientemente, os dois eventos foram recriados para celebrar aquela época que precedeu o bug do milênio. Pelo menos a iniciativa e a inspiração são pontos positivos. Porque o que se viu nas duas festas... Ave Maria!

Fui aos dois. Logo cedinho saí de casa e peguei um táxi com amigos com destino a Piedade. Fiquei na pipoca mesmo, estrategicamente localizado por trás do camarote da Skol (tava rolando o maior agarra-agarra por lá!). O local não era dos melhores, mas foi ideal para que eu pudesse presenciar todo o rolo que foi a falta de cerveja.

Antes do show do É o Tchan, percebi dois seguranças conversando sobre o baixo estoque de cerveja. Um falou que a organização não mediu a quantidade de pessoas no camarote - bem acima do esperado - e o outro dizia que a culpa era da galera mesmo, que dava dois goles em uma latinha e depois jogava fora dizendo que estava quente. Então previ o futuro: Vai dar merda!

No camarote da Skol, latão de Schin era vendido no mercado negro por R$ 10

Quando É o Tchan entrou com um trio cheio de mulheres-fruta, a galera já estava bicada e irada. O coro veio logo em seguida: "EI, Skol, vai tomar no (_._)!"

Todo mundo no trio ficou com essa cara. Eu morguei na hora. Um segurança olhava para o outro e dizia: "Sabia que iria dar merda..."

Marco Zero estava com 60% da lotação típica de Carnaval. Tava legal. Corri para lá.

Avisei aos meus amigos que eu não ficaria mais lá. O povo bêbado já é um problema. Bêbado e brabo é insuportável. Juntei meus cagados e peguei o primeiro busão em direção ao Marco Zero.

Cheguei na hora do show de Alceu Valença. Ele tá ficando veinho... canta metade das músicas e bota o povo pra cantar o resto. Sem falar que está a cara de Geraldo Azevedo.

Opa! Olha essa mão aí, tiozinho! 

Depois que Alceu saiu do palco, um DJ começou a tocar pancadão (para alegria dos dorme-sujos) e os casais ficaram só no aquecimento para o show de Fagner. O tiozinho daí de cima saiu mais cedo. Não conteve o tesão e foi derrubar a companheira "num quarto de hotel de frente pro mar" (MÁRCIO, Paulo. A Festa do Brega, Faixa 13. Recife: 1999).

Fagner começou com clássico. Afinal, ele só tem clássicos. Ganha um doce quem me apresentar um sucesso dele estourado este ano. Não é crítica, é fato. 

Outro fato é que Fagner é a cara do Didi Mocó. Ninguém me tira da cabeça a hipótese de que os dois são irmãos - ou primos, no mínimo. Se não for isso, o povo do Ceará nasceu na mesma forma. Só pode.

Show sem grandes momentos, dentro do esperado. Spok estava no palco com Fagner, mas não por ser o melhor maestro da América Latina. Estava porque é o único que existe no Nordeste. Spok é onipresente. Se conseguisse chegar na escultura de Brennand caminhando sobre as águas, seria o novo Jesus!

Maestro Spok animou a galera com suas habilidades extraordinárias

Ao fim do show de Fagner, a barriga deu sinais de que o cachorro-quente de Piedade tinha super-poderes. Não tenho coragem de usar banheiro químico pode me chamar de fresco por isso e corri para casa. 

Cartão VEM na mão, subi no coletivo e rumei para home. Antes de dormir, um flash: não foi culpa do cachorro-quente de Piedade. Foi a maldita batatinha-frita da Praça do Arsenal.

Maldita batatinha! Mal consigo ver seus movimentos!

Um comentário:

  1. Muito bom uhuhuhuhu, parabéns.
    Só fui para a virada:
    http://recifestranho.blogspot.com/2011/10/virada-multicultural-do-recife-151011.html

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