segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Jornalistas de Pernambuco em greve (?)

O Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco (Sinjope) está anunciando aos quatro ventos que jornalistas estão em greve desde a última quinta-feira. Não sou ligado a movimento sindical nenhum e nem sou antenado nessas coisas, mas eu acho que quando uma categoria entra em greve as atividades dela param, né?

Se os jornas estão em greve, então como é que os jornais estão rodando, os sites funcionando, assessorias trabalhando, rádios e TV's ainda no ar? 

Já decidi: quero ser patrão de jornalista. Posso pagar uma miséria, explorar o trabalhador sem piedade, fingir que pago hora extra com folguinhas esporádicas que mesmo assim eles vão continuar trabalhando para mim. Até se entrarem em greve, vão continuar trabalhando.

Que beleza! ;)

Tá mais fácil acreditar em Papai Noel ou na conclusão da Via Mangue do que em mobilização de uma categoria tão desunida como a nossa.


Leia aqui o comunicado do Sinjope:

Reunidos em Assembléia Geral Ordinária (AGO) realizada no começo da tarde desta quinta-feira, 08/11, que lotou o auditório do Sindicato dos Gráficos, jornalistas deliberaram pela deflagração de greve. A AGO contou com a participação dos gráficos, que já haviam deliberado pela deflagração de greve e integram a Intersindical da Comunicação - Intercom, junto com jornalistas, publicitários e radialistas.
Após todos os esclarecimentos solicitados, perante um auditório que teve profissionais até sentados no chão, jornalistas vinculados aos jornais Diario de Pernambuco, Folha de Pernambuco e Jornal do Commercio, bem como às emissoras de rádio e TV do Estado votaram o indicativo da Diretoria pela deflagração de greve. Ao final da apuração não foi registrada nenhuma abstenção. Dos 122 profissionais presentes, 110 (mais de 90%) votaram pela greve, enquanto 12 rejeitavam a proposta de paralisação.
Embora houvesse votos contrários, a plenária saiu decidida a fazer valer o voto da maioria e comprometida a atender o indicativo da Diretoria do Sinjope, a partir de estratégia a ser montada em conjunto com os gráficos. Cada profissional foi convocado a atuar decisivamente na mobilização, identificando colegas ausentes na AGO para que compareçam na próxima assembléia.
Uma nova AGO está convocada para a próxima quarta-feira, 14/11, com primeira convocação às 12h e segunda convocação às 12h30, no mesmo auditório do Sindicato dos Gráficos. O objetivo é ampliar a pressão contra as empresas, com a autorização para que a Diretoria do Sinjope ingresse com ações judiciais contra as empresas.
Veja abaixo o Edital de Convocação da próxima AGO:

Edital de Convocação
A Diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Pernambuco - Sinjope, com arrimo em seu Estatuto, na Lei 7.783, a “Lei do Exercício do Direito de Greve”, de 20/06/1989, e nos artigos 611 e seguintes, e nos artigos 856 e seguintes da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, convoca jornalistas que trabalhem em jornais, revistas e outros informativos/periódicos, emissoras de rádio e TV, bem como operadoras de TV Paga, além de assessorias de comunicação/imprensa, sindicatos e de sistemas de informação/notícias que operam através da Internet, para participarem da Assembléia Geral Ordinária (AGO) de Campanha Salarial 2012. A supracitada AGO será realizada no dia 14 (catorze) de novembro de 2012 (dois mil e doze), em primeira convocação às 12h00 (doze horas), e, em segunda convocação, às 12h30 (doze horas e trinta minutos), na sede do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas Editoriais, Jornais, Revistas, Envelopes, Cartonagem, Serigrafia e Formulários Contínuos do Estado de Pernambuco (Sindicato dos Gráficos), situado à Rua do Veiga, 201 - Santo Amaro – Recife - PE. As decisões serão tomadas com quorum de 50% (cinqüenta por cento) dos interessados na primeira convocação ou com qualquer número de presentes na segunda convocação, sempre por votação secreta, cumprindo a seguinte pauta: a) Autorizar a Diretoria do Sinjope a ingressar com ações judiciais contra as empresas; b) Outros assuntos relacionados à Campanha Salarial 2012.
Recife, 08 de novembro de 2012.

A Diretoria

Então, já sabem, né? Quarta-feira tem assembleia para decidir pela ~radicalização~ do movimento. Mas podem ficar tranquilos que na quinta-feira o jornal vai circular do mesmo jeitinho, independente dos resultados.

O fato é que pelas redações ninguém fala em greve. Quem soletra essa palavra entra na lista negra dos patrões. Se não for demitido agora, cai fora em seis ou doze meses (para não ficar tão evidente, né?). Poucos tem coragem de peitar a meia dúzia de empresários que comanda os meios de comunicação do estado. Vontade alguns até tem, mas aí lembram das contas que chegam no fim do mês e...

Contentamo-nos com brindezinhos, pratos de comida na coletiva de imprensa, um prêmio aqui outro ali, o "status" da profissão que nos coloca no panteão familiar e algumas entradas grátis em eventos que custam R$ 20. E o patronato enfiando no nosso rabo sem cuspe, com a licença do eufemismo.

O fraquejo do movimento é resultado do quanto somos vira-latas. 

4 comentários:

  1. Voces sao homens ou pacotes de fuba ?! Lutem !

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  2. O problema de desunião já começa no ambiente acadêmico... (Quem conhecer uma turma REALMENTE unida de jornalismo, mande seu relato pro Estagiário publicar, com provas irrefutáveis.)
    Aí, o estudantezinho de merda chega no mercado de trabalho *pra valer* e só falta rezar pra um colega mais velho levar uma demissão na cara, só pra começar a abanar o rabo pro editor e este ver que tem uma pessoa muito disposta (leia-se: um/a filho/a da puta egoísta e oportunista), pronta pra "assumir" o cargo, mostrar serviço e "subir na hierarquia"...
    Se os jornalistas parassem só um pouco pra pensar que eles teriam melhores condições de trabalho se simplesmente se unissem como categoria... Mas isso já é conto da carochinha.

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    1. Concordo plenamente, pessoa acima. Os jornalistas pernambucanos (falo em nome do mercado que sei como funciona) vivem e trabalham em condições desumanas porque permitem que isso aconteça. A vaidade, ou até mesmo o amor pela profissão faz com que muitos profissionais se permitam a condições de trabalho e, principalmente, remuneração impraticáveis. Inaceitável para profissionais formados com curso superior, de um ramo que carrega uma responsabilidade muitíssimo grande, como todos nós sabemos.

      É lamentável que subdimensionemos tanto o tamanho e importância da nossa profissão, mascarando movimentações importantes e que poderiam ser muito benéficas e saudáveis para a prática do nosso ofício. Minha gente! Jornalista não vive de matéria de capa nem de emplacar VT no nacional ou mesmo de conseguir aquela entrevista pro assessorado não! Isso é legal, mas não é tudo. Jornalista precisa de dinheiro, de ter melhor qualidade de vida, folgar mais. Parar de mendigar boca livre e entrada vip porque simplesmente não sobra NADA no fim do mês para se presentear com este tipo de mimo.

      Conheço profissionais formados que recebem contracheque com valor inferior ao de UM SALÁRIO MÍNINO! Não estou mentindo! É um absurdo.

      Porém, do outro lado, há a lei do retorno: desunião só gera conflitos. Se jornalista tivesse menos vaidade e vontade de se colocar onde o outro está, talvez a realidade do jornalista pernambucano fosse outra. É natural querer melhorar e evoluir na carreira. Mas invejar e querer derrubar os outros TODO O TEMPO é doença. Precisamos tratar este câncer que infesta as nossas redações. Sejamos mais saudáveis, evoluídos e coerentes por favor. Só assim, poderemos sonhar com uma realidade profissional mais digna.

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  3. Eita, ontem, terça-feira 13/11, um ouvinte botou pra arrombar na Rádio Jornal, programa de Graça Araújo. Falou resumidamente dos pleitos e sobre o piso salarial. E ela ainda agradeceu. Pelo menos, uma voz nos meios de comunicação. O cara era desenrolado.

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